Após três ou quatro dias sem água na torneira, a relação de quem é afetado pela escassez é modificada. “Temos que economizar até a última gota”, preocupa-se Gervânia Vieira, 27. A dona de casa é moradora da região circunvizinha do rio Maranguapinho, que passou a ter sistema adutor da barragem para aproveitamento das águas desde o final de novembro. Na ocasião, foi acionada ainda a estação de bombeamento para abastecimento do município de Maranguape (na Região Metropolitana de Fortaleza).
Com a intervenção, 200 litros por segundo são adicionados ao sistema. A água sai do Maranguapinho e segue pela adutora por 3,8 km até a Estação de Tratamento (ETA) da Cidade. O Governo do Estado estima que 104 mil pessoas de 16 localidades e dois distritos de Maranguape serão beneficiadas com a ampliação. O investimento foi R$ 3,8 milhões pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh). A ação faz parte do Plano de Segurança Hídrica para Fortaleza e Região Metropolitana, apresentado em julho.
O açude tem capacidade de acumulação de 9,35 milhões de metros cúbicos e atualmente tem 7,9 milhões. A obra possibilita a transferência da captação do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) de Maranguape do açude Gavião para o açude Maranguapinho. O sistema adutor deverá operar até 21 horas/dia, evitando o horário de ponta no fornecimento da energia elétrica.
Relação com a água
A seca modificou a relação da família de Gervânia com o uso e a economia de água. Guardar água em tambores e tomar “banho de cuia” são estratégias dos moradores. “Banho de chuveiro gasta muito mais”, ensina. Ela conta que a situação da família “não é pior” por causa da cacimba no quintal de casa, utilizada com cuidados pelo medo de a única reserva de água acabar. Além da família, os vizinhos utilizam a cacimba quando falta água.
A pequena plantação da família está prejudicada há cerca de um ano e meio, quando a situação piorou. Macaxeira, feijão e favas são plantados para o próprio consumo — com ressalvas. “Se a gente tirar água da cacimba para aguar, ficamos sem ter para beber”, pondera.
Recursos
O governador Camilo Santana (PT) reiterou a necessidade de investimentos do Governo Federal para a realização de ações de abastecimento e como forma de recuperação econômica. “A maioria dos estados do Nordeste tem capacidade de atrair financiamentos. Nós temos pedido que o Governo libere (recursos) para retomar e iniciar obras”, disse. De acordo com Camilo, o aporte de R$ 40 milhões para obras no Estado, liberados pela União no dia 25 de novembro é insuficiente. O governador havia solicitado R$ 110 milhões.
Camilo ainda ressaltou a estimativa de retorno das obras transposição de águas do rio São Francisco para fevereiro do próximo ano.
Números
200 litros de água por segundo serão inseridos no sistema com o bombeamento
104 mil pessoas devem ser beneficiadas com as ações inauguradas
Observatório de Políticas Públicas de MaranguapeAções reforçam abastecimento em Maranguape
Ações reforçam abastecimento em Maranguape